Caminhos Errantes

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Identidade


Toda a identidade é fictícia. A alusão à identidade política de um povo consigo mesmo, a evocação da identidade nacional como critério de legitimidade, consiste na tentativa de pensar ficticiamente o conflito, na tentativa de pensá-lo como se (als ob) o povo fosse uma substância cuja unidade lhe estivesse subjacente. A identidade é aqui a própria ficção. Daí que não seja a identidade ou homogeneidade fictícia de um povo, como substância política, que permite conflitos ou antagonismos, mas que se passe exactamente o contrário: é a possibilidade sempre presente dos conflitos e dos antagonismos que cria, com a necessidade da sua subsunção sob um direito que não os elimine, a inevitabilidade de uma ficção identitária.

2 Comments:

  • Será mesmo? Não será identidade a narrativa macintyreana? A existência de algo que nos precede (linguagem, tradições) não será veículo próprio de uma concepção que que nos forma, da qual só prescinde caíndo no vazio?

    Parabéns pela apresentação na FNAC e obrigado pelo serviço de trazer mais uma obra de Voegelin para a nossa língua!

    By Blogger O Corcunda, at 10:14 da manhã  

  • Lembrei-me de leituras remotas de Vaihinger: que saudades!

    By Blogger Jansenista, at 7:30 da tarde  

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