O rosto
Ernst Jünger via, como uma das marcas da "mobilização total", a entrada do rosto numa configuração estilizada. Em Der Arbeiter, livro publicado em 1932, ainda sob a influência gritante dos combates na Primeira Guerra, ele descrevia o aparecimento do rosto sob a mediação da máscara: a máscara de gaz do soldado; a protecção do que trabalha com materiais perigosos; o rosto invariavelmente barbeado, tornado anónimo pelo uso do chapéu; o capacete do corredor de automóveis; a beleza do rosto maquilhado; o rosto sério do funcionário uniformizado; o rosto gélido de um corpo configurado pela eugenia do apuramento da raça ou, num contexto mais democrático, do training e do body building. Talvez hoje já não sejamos, como Jünger o descrevia, o rosto que aparece mascarado. Talvez sejamos hoje já só a máscara de um rosto que não é nosso: a máscara que desesperadamente procura um rosto.
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